O papel das marcas hoje é construir relacionamentos
Todos os dias eu vejo, cada vez mais, uma busca maçante das empresas por vendas, vendas e vendas. Nada contra, para as empresas sobreviverem precisam de vendas, nossa conversa aqui, hoje, é como essas empresas estão buscando essas vendas. Essas ações maçantes e insistentes, vistas com muita facilidade não tem, infelizmente, como serem analisadas sem a contextualização dessas ações com esse momento que estamos vivendo agora. Só que muita coisa está ficando de fora dessas análises que estão sendo feitas dentro das organizações, muito em razão desse momento, mas muita coisa também por não existir uma vontade real de entender que, a transformação que o mercado já vinha sofrendo, dentro das perspectivas do Marketing, foi acelerada por esse momento de isolamento decorrente da COVID-19.
Para que a gente possa ampliar um pouco essa perspectiva, vou isolar aqui a relação de compra e venda de um produto ou serviço. Vamos imaginar que esse produto ou serviço só está sendo ofertado de forma on-line, que é uma realidade muito próxima do momento atual. Mas antes vamos esclarecer um pouco sobre as redes sociais on-line. De forma básica ela é uma rede de pessoas, trazendo e levando informações o tempo todo, e assim como nas redes sociais físicas, tendemos a prestar mais atenção, dar mais crédito às pessoas que conhecemos e confiamos, às pessoas que nos são mais relevantes. São dessas trocas que basicamente surgem os relacionamentos. Vamos exemplificar melhor: você está na rede, percebe um amigo de um amigo que você não conhece, mas que o seu amigo conhece, e vocês trocam uma ideia através de um comentário em um post, se identificam, o papo flui, se seguem, nasce um relacionamento que trará mais proximidade e com o tempo a CONFIABILIDADE. Não tem muita diferença do mundo físico. Vamos exemplificar se essa ação acontecesse no mundo físico: você vai a um evento, encontra um amigo que está com uma amiga que você não conhece, ele te apresenta essa amiga, vocês trocam uma ideia, se identificam, o papo flui, vocês trocam arrobas e criam um relacionamento que poderá com o tempo trazer CONFIABILIDADE. Entender esses relacionamentos é o mesmo que entender essas redes sociais, do mesmo jeito que funciona no mundo físico, essas relações também funcionam da mesma forma no mundo on-line. No mundo físico nos relacionamos com pessoas que gostamos, nos identificamos, temos admiração, respeito, ou que precisamos, de repente, desenvolver algum tipo de trabalho, e nesse caso, quando não há identificação, talvez tenhamos que criar alguns suportes emocionais para conseguirmos lidar com a situação física.
Nas redes sociais no mundo digital acontece da mesma forma, nos relacionamos com pessoas que gostamos, que nos identificamos, que temos admiração, e diferente do mundo físico, muitas vezes, na grande maioria das vezes, não temos que conviver com pessoas que não gostamos. Certo? Do ponto de vista ferramental, se essa rede é instagram, facebook ou qualquer outra, é um ponto que vai envolver algumas questões ferramentais específicas, quanto ao funcionamento, manuseio, algumas questões que dizem respeito ao funcionamento do aplicativo, como estudo e análise do algoritmo, mas nada que você não possa desenvolver, seja contratando uma empresa que faça esse trabalho ou estudando, a questão mais fundamental de tudo isso é entender como as relações funcionam, como as pessoas se entregam a uma relação. Entendendo essa sistemática, seja você uma empresa, um profissional ou uma pessoa, você irá desenvolver algo muito mais valioso, que independe das ferramentas que você irá utilizar você conseguirá trabalhar a essência, isso é verdadeiramente especial e crucial para o diferencial que se busca. Os diferenciais ajudam nas vendas e os relacionamentos ajudam a comunicar esses diferenciais.
Como já falado em assuntos anteriores a esse em outros posts, as marcas representam expressões das pessoas, é mais uma forma que as pessoas possuem para mostrarem ao mundo quem são elas, dos que elas gostam, que visão elas têm sobre as coisas e o que elas esperam que o mundo seja. Os hábitos de consumo, com todos os signos que envolvem as marcas, através de suas comunicações revelam muitas coisas sobre as pessoas. Imagine uma pessoa que só consome produtos orgânicos, essa simples informação pode revelar vários aspectos dessa pessoa, vários posicionamentos como: é provável que ela seja contra agrotóxicos, que ela seja contra produtos transgênicos, ela provavelmente gosta de animais e é contra testes em animais, com todo esse perfil, é bem possível que ela não consuma roupas de marcas que se envolveram em denúncias de trabalhos sub-humanos, que ela não se automedique com facilidade, que cultive plantas em casa, enfim, com uma simples informação inicial é possível traçar um perfil dessa pessoa, sem contar que possuímos, através das redes, acessos quase ilimitados a todo tipo de informação.
Tudo isso é para levantar a reflexão sobre a importância do relacionamento na venda, ele é a base para qualquer venda e é preocupante que hoje, com todos os acessos ofertados, ainda existam marcas voltadas para a venda de uma maneira totalmente vertical, simplesmente produzem um determinado produto, postam diariamente em suas redes, sem se preocuparem com esse relacionamento, muitas vezes não sabem quem são as pessoas que estão na rede e não fazem sequer o básico: que é responder aos comentários e dúvidas de seu público. Isso tudo junto, completa definitivamente a dissociação das ideias entre a marca e o público.
As pessoas possuem um sentimento forte de pertencimento, elas precisam disso para que se sintam mais completas, precisam estar inseridas, e as redes sociais são maravilhosas para isso. Trazer a cultura da venda física de antigamente - onde existia uma escassez grande de produtos e muitas marcas sobreviviam apenas da lei básica de oferta e procura - para os dias atuais, não é uma boa alternativa. Vivemos um momento de grande abundância, a oferta de bens, é, no geral, sempre maior que a procura.
E onde você encontra a possibilidade de se sobressair, de apresentar seu diferencial de uma maneira melhor e estabelecer uma relação mais positiva e gerar mais chances de vendas?
No relacionamento. Trabalhar o sentimento de pertencimento é uma excelente alternativa.
E como sua marca pode se relacionar com o público?
Do mesmo jeito que você enquanto pessoa se relaciona com outras pessoas, pois marcas são feitas de pessoas para pessoas, não esqueça isso.
E como você mantém os relacionamentos com as pessoas?
Mantendo contato, falando sobre assuntos que seus pares têm interesse, sabe o lance de “seja relevante”, pois é! Ser relevante é falar desses assuntos que são de interesse entre você e a outra pessoa, respeitando posições, privacidades e não sendo invasivo. Sabe aquela pessoa chata do escritório, ou aquele vizinho chato que quando você está chegando em casa, bem cansado, depois de um dia trabalho, e tudo que você mais quer é chegar em casa e ele te para em frente à porta do elevador e começa a falar sobre questões do condomínio sem nem te perguntar se você tem um tempo para isso? Não seja esse vizinho nos relacionamentos com seu público.
Muita gente fala que é necessário aprender as novas regras do on-line, mas muitas coisas estão relacionadas à ferramenta, ao manuseio, e claro, às estratégias, mas relacionamento ainda é construído levando em conta questões de antigamente, como: seja educado, saiba ouvir, ah! Nunca esqueça que a perna da mentira está bem menor, lembre que os acessos são quase infinitos, então não minta. Respeite o espaço do amiguinho, se ele não quer falar, não insista, espere o momento dele, uma hora ele estará pronto. Levando essas regrinhas básicas já é um excelente começo de um relacionamento duradouro e que poderá render excelentes trocas.
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